Também vi este exemplo de sabedoria debaixo do sol, que me pareceu grande:
Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens; e veio contra ela um grande rei, e a cercou e levantou contra ela grandes tranqueiras.
Ora, achou-se nela um sábio pobre, que livrou a cidade pela sua sabedoria; contudo ninguém se lembrou mais daquele homem pobre.
Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força; todavia a sabedoria do pobre é desprezada, e as suas palavras não são ouvidas.
As palavras dos sábios ouvidas em silêncio valem mais do que o clamor de quem governa entre os tolos.
Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra; mas um só pecador faz grande dano ao bem.
As moscas mortas fazem com que o ungüento do perfumista emita mau cheiro; assim um pouco de estultícia pesa mais do que a sabedoria e a honra.
O coração do sábio o inclina para a direita, mas o coração do tolo o inclina para a esquerda.
E, até quando o tolo vai pelo caminho, falta-lhe o entendimento, e ele diz a todos que é tolo.
Se se levantar contra ti o espírito do governador, não deixes o teu lugar; porque a deferência desfaz grandes ofensas.
Há um mal que vi debaixo do sol, semelhante a um erro que procede do governador:
a estultícia está posta em grande dignidade, e os ricos estão assentados em lugar humilde.
Tenho visto servos montados a cavalo, e príncipes andando a pé como servos.
Aquele que abrir uma cova, nela cairá; e quem romper um muro, uma cobra o morderá.
Aquele que tira pedras é maltratado por elas, e o que racha lenha corre perigo nisso.
Se estiver embotado o ferro, e não se afiar o corte, então se deve pôr mais força; mas a sabedoria é proveitosa para dar prosperidade.
Se a cobra morder antes de estar encantada, não há vantagem no encantador.
As palavras da boca do sábio são cheias de graça, mas os lábios do tolo o devoram.
O princípio das palavras da sua boca é estultícia, e o fim do seu discurso é loucura perversa.
O tolo multiplica as palavras, todavia nenhum homem sabe o que há de ser; e quem lhe poderá declarar o que será depois dele?
O trabalho do tolo o fatiga, de sorte que não sabe ir ã cidade.
Ai de ti, ó terra, quando o teu rei é criança, e quando os teus príncipes banqueteiam de manhã!
Bem-aventurada tu, ó terra, quando o teu rei é filho de nobres, e quando os teus príncipes comem a tempo, para refazerem as forças, e não para bebedice!
Pela preguiça se enfraquece o teto, e pela frouxidão das mãos a casa tem goteiras.
Para rir é que se dá banquete, e o vinho alegra a vida; e por tudo o dinheiro responde.
Nem ainda no teu pensamento amaldições o rei; nem tampouco na tua recâmara amaldiçoes o rico; porque as aves dos céus levarão a voz, e uma criatura alada dará notícia da palavra.
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